quarta-feira, 11 de junho de 2014

Análise de obra. - "As Duas Irmãs" de Pierre Auguste-Renoir

 
    "Ao analisar uma imagem é como navegar na alma do artista. É querer conhecer os mistérios que envolveram sua vida e sua época seja ela qual for." - Thais Argamim.
    Trabalho realizado para obtenção parcial de créditos da disciplina História da Arte.
     Universidade Federal de São João Del Rei - Artes aplicadas com ênfase em cerâmica.
   
 Obra escolhida : "As duas irmãs" de Pierre Auguste-Renoir


    
                                           [fig.1] Renoir, As duas Irmãs


[1] FICHA CATALOGRÁFICA:
AUTOR: Pierre-Auguste Renoir (1841-1919)
 TÍTULO: Les Deux Soeur s  (As Duas Irmãs)
DATA: 1889
TÉCNICA E DIMENSÕES: Óleo sobre tela, 379x500 cm

LOCALIZAÇÃO: Atualmente esta é uma obra de posse particular.


[2] INFORMAÇÕES SOBRE O ARTISTA:

   Pirre- Auguste Renoir (1841–1919) nasceu em Limonges, Haute-Vienne, na França. Filho de uma família de classe trabalhadora. Quando menino, ele trabalhou em uma fábrica de porcelana, onde seus talentos artísticos o levaram a ser escolhido para pintar desenhos em porcelana, antes de se matricular na escola de arte. Durante os primeiros anos, muitas vezes ele visitou o Louvre para estudar os pintores franceses.
   Em 1862, Renoir decidiu estudar pintura a sério e entrou no estúdio do pintor Charles Gleyre, onde conheceu outros artistas como Claude Monet (1840-1926), Alfred Sisley (1839-1899), e Frédéric Jean Bazille (1.841-1.870). Durante os próximos seis anos, a arte de Renoir mostrou a influência de Gustave Courbet (1819-1877) e Édouard Manet (1832-1883) pintores da década de 1850 (não obstante das influências de outros pintores, Renoir criou um estilo pessoal e inovador).
   O pintor era dono de uma profunda elegância e sensualismo em seu traço artístico (principalmente ao representar figuras femininas) sem contar com a intensa delicadeza ao representar suas personagens que sempre eram dotadas de cores vivas e flamejantes. Que por sua vez era uma das principais características de suas obras impressionistas.
   As pinturas de Renoir são notáveis por sua luz vibrante e cor saturada, na maioria das vezes com foco em pessoas em composições intimistas e sinceras. O nu feminino foi um de seus temas basais. Em estilo impressionista, o pintor sugeriu que os detalhes de uma cena fossem por meio de toques livremente escovados de cores, de modo que suas figuras pudessem ligeiramente fundir com os arredores de seu cenário.
   De caráter inovador e sedicioso, o pintor, ajudou a lançar um movimento artístico impressionista na década de 1870. Depois de anos lutando como pintor, Renoir experimentou sua aclamação inicial. Quando seis dos seus quadros foram divulgados na primeira exposição impressionista em 1874.
         


[3] ANÁLISE DA OBRA

[procedência]


   A tela de êxito magnânimo no impressionismo, já pertenceu a Durand-Ruel  e ao Barão Thyssen, cuja coleção fundou um museu em Madrid, pertencia à coleção de Chartes R. Lachman. Foi vendida em leilão, na Sotheby´s, em Londres, dia 5 de fevereiro de 2007, e a sua estimativa máxima era de 8.000.000 dólares. Todavia, não ultrapassou os 6.852.000 dólares tendo sido o segundo quadro mais caro do leilão, perdendo somente para O homem do lenço vermelho, de Chaim Soutine, que por pouco não alcançou os 9.000.000 de dólares. Hoje esta é uma pintura de caráter particular.
  


[descrição]

   A pintura representa duas siluetas femininas e jovens certamente irmãs, de acordo com o próprio título da obra. As modelos posam com toda a elegância da burguesia francesa, intensificada pela delicadeza natural da pintura de Renoir, que transmitem igualmente uma sensualidade intocável ao espectador.  Até porque, em quadros impressionistas, e na maioria das obras do pintor, é habitual a presença da cor. E Les deux sœurs (ou As Duas Irmãs, em português) agarra o observador devido às suas cores desgastantes e provocadoras, que formam um contraste amenizado aos olhos de quem observa o quadro.
    
   O trabalho transmite logo ao primeiro olhar, uma leveza, uma delicadeza soberba, com o harmônico contraste de tonalidades vivas e luminosas. A opulenta paleta de cores de Les deux sœurs evoca o calor e a intimidade da cena. O cabelo ruivo das duas raparigas reflete com tons dourados, ocre e âmbar com a luz do interior do quarto, e as suas faces rosadas, denunciando a sua castidade, contrasta com os múltiplos sombreados que percorrem as páginas do livro aberto, que lêem com entusiasmo.
  
   Este trabalho, datado de 1889, foi o primeiro de uma série de retratos duplos de adolescentes. Renoir desejava transmitir o momento em que as crianças se transformam em mulheres alegres e vistosas, sem esquecer a sobriedade do ser feminino.
  



[características técnicas]

   As principais características da pintura impressionista, e particularmente desta pintura, são as figuras sem contornos nítidos, as sombras luminosas, as pinceladas fortes e o registro das tonalidades da luz no momento em que a obra estava sendo pintada. Os objetos deviam ser retratados como se estivessem totalmente iluminados pelo sol.

   As linhas não possuem contorno nítido, já que quase é possível uma fundição entre elas e o cenário. O que não debilita a forte presença das figuras femininas.
 
  A luz é natural e resplandecente, causando brilho e sombras luminosas. Ainda que as jovens se encontrem em ambiente fechado, provavelmente na sala de uma casa, pode estar supostamente provida de iluminação do exterior de uma janela ou com a iluminação de uma lamparina. O que confere o brilho presente no rosto, no cabelo e nas roupas das jovens.

  O colorido é grave, também refletindo sombra, luz e brilho, presente diametralmente na tonalidade da pintura, sem afetar a refinada maciez da pele e dos pequenos detalhes presentes em ambas as modelos. A cor mais marcante da tela é o vermelho luxuriante dos vestidos, em contrastante com o azul turquesa do papel de parede.




  [interpretação do significado; tema]

 
  A questão central em relação ao significado desta obra é que, embora não haja um coerente registro da identidade das modelos e nem índices de encomenda da pintura, é possível ao menos coligar a classe social das mesmas. Através dos pormenores de seus delicados e refinados penteados [fig.2] e de suas jóias e roupas [fig.2], fica evidentemente claro de que pertenciam a uma sustentável burguesia.
      

   


   [fig.1] Cabeça das irmãs em Les deux sœrs.                                                                                            [fig.2] Pormenor do brinco da jovem

   Crê-se que as modelos que posaram para esta pintura, sejam as mesmas que pousaram para A lição de piano [fig.3], e para A Leitura [fig.4]. O interessante é que As Duas irmãs antecederam ambas as obras citadas. E ainda que não haja registro da identidade das modelos, estima-se que Renoir fez um ótimo trabalho agradando assim, as personalidades burguesas que pousaram para mais duas pinturas sucessivas. Este estilo é distinto, reinventado por Renoir, obteve sucesso e, hoje, algumas das obras deste período constam entre as coleções de museus como o  Metropolitan Museum of Art, o Museu da Orangerie e o Orsay. 
   

 
    [fig.3] A lição de piano, Pierre-Auguste Renoir,
     óleo sobre tela, c.1889                                   
   

 [fig.4]  La Lecture, Pierre-Auguste Renoir, pastel sobre papel, c. 1889.

  É notável que, tanto na obra antecessora As duas irmãs, quanto nas sucessoras A lição de piano e A leitura, as modelos posam com o mesmo figurino transparecendo elegância e delicadeza particular em suas poses. A maneira polida com que tocam piano ou a sutileza em que seguram seus livros de leitura são costumes que pertenciam a uma classe sublime de uma burguesia rica e suntuosa. 
 
  Assim como Renoir, os autores impressionistas não mais se preocupavam com os preceitos do Realismo ou da academia. A busca pelos elementos fundamentais de cada arte levou os pintores impressionistas a pesquisar a produção pictórica não mais interessada em temáticas nobres ou no retrato fiel da realidade, mas em ver o quadro como obra em si mesma. A luz e o movimento utilizando pinceladas soltas tornam-se o principal elemento da pintura, sendo que geralmente as telas eram pintadas ao ar livre para que o pintor pudesse capturar melhor as variações de cores da natureza.
    
   Edgar Degas, por exemplo, (que foi considerado um dos fundadores do impressionismo) fazia uso de técnicas que podem ser comparadas com as obras de Renoir. Principalmente se tratando de figuras duplas e femininas. Mesmo que Degas se identificasse com o tema dança, e apresentasse índices bastante ricos em movimento em suas pinturas.

O pastel, Two Dancers, (ou Duas Dançarinas, em português) de Edgar Degas, de concentração absoluta garantida na cor e na forma, mostra duas dançarinas nos preparativos finais para sua apresentação [fig.5]. Uma fixando o brinco e outra ajustando o cabelo. A analogia entre esta obra e As duas Irmãs de Renoir, está na forte presença das cores e na representação de duas silhuetas femininas. Entre ambas as obras, é possível encontrar semelhança até mesmo nos penteados modelados e na cor do cabelo das mulheres, e na forma suave em que as figuras femininas são representadas.   

Ao contrário de As duas irmãs que transmite aos olhos do espectador, leveza e tranquilidade de uma classe média francesa. Duas Dançarinas, por outro lado transmite agitação e certa densidade da classe trabalhadora, logo duas características que diferenciam os pintores do impressionismo, Renoir que pintava reflexos da burguesia francesa e Degas que além da forte presença do movimento, representava a agitação do cotidiano de pessoas que utilizavam a dança para ganhar a vida.

  

[fig.5] Duas dançarinas, Edgar Degas, pastel sobre papel, c. 1890

    Já nas semelhanças e diferenças técnicas, entre uma pintura e outra, provém da pincelada (ou traçado, no caso do pastel) particular de cada pintor. As duas Irmãs possui um detalhamento muito profundo das figuras femininas, detalhes típicos das pinturas de Renoir, Degas por sua vez enfatizava mais o movimento e outros elementos que causavam oscilação por parte de suas personagens em suas pinturas, sem se preocupar com detalhes mais profundos principalmente do rosto das personagens.

  
  
   [4] CONCLUSÃO
 
     Embora não haja índices da identidade das modelos da pintura, é grande importância ressaltar a qualidade impactante da obra impressionista, pois Renoir, um dos jovens pintores do movimento que romperam com as com as regras da pintura vigente, não se preocupavam mais com os preceitos do Realismo ou da Academia, fazendo uso então de um novo estilo pulcro e impactante. A obra As duas irmãs se encaixa impecavelmente na representação impressionista, por apresentarem a doçura do ser feminino em pinceladas soltas na variação de cores e luz. Um dos motivos principais da escolha desta para a análise foi devido ao fato de ser uma das obras menos conhecidas de Renoir, e também por não se localizar em nenhum museu. É lastimável a não descoberta da identidade de ambas, porém vale destacar a descoberta das pinturas sucessoras e da classe social das modelos de As duas irmãs.



 [5] BIBLIOGRAFIA:



quarta-feira, 18 de setembro de 2013

"As limitações de Zeus"


  
      Nomeando uma obra de arte.

      1. A escolha do tema



Ao utilizar o filme "Babel" de Alejandro González Inárritu, como fonte de inspiração para um tema de uma escultura, resolvi depois de muito ponderar, abordar um assunto que sempre atraiu o meu interesse, a mitologia grega.

 Os gregos antigos enxergavam vida em quase tudo que os cercavam, e buscavam explicações para tudo. A imaginação fértil deste povo criou personagens e figuras mitológicas das mais diversas. Heróis, deuses, ninfas, titãs e centauros habitavam o mundo material, influenciando em suas vidas. Bastava ler os sinais da natureza, para conseguir atingir seus objetivos. A pitonisa, espécie de sacerdotisa, era uma importante personagem neste contexto. Os gregos a consultavam em seus oráculos para saber sobre as coisas que estavam acontecendo e também sobre o futuro. Quase sempre, a pitonisa buscava explicações mitológicas para tais acontecimentos.
  Dentre os doze deuses da mitologia grega (Zeus, Afrodite , Poseidon , Hades, Hera, Apolo , Ártemis, Ares, Atena, Cronos, Hermes e Hefesto) escolhi destacar Zeus, pois de acordo com a mitologia é  o deus principal, governante do Monte Olimpo, rei dos deuses e dos homens. Era o senhor do céu e o deus da chuva, aquele que tinha o terrível poder do relâmpago. A tempestade representava a sua fúria. Sua arma era o raio e sua ave a águia, animal em que costumava se transformar.
  Após a escolha do tema, determinei a elaborar uma escultura representando o deus grego




                                               As limitações de Zeus – escultura de argila (massa cerâmica)  22 cm.
  
Tal  escultura depois de finalizada a batizei de “As limitações de Zeus”     

2- “As limitações de Zeus” – Relação entre minha personalidade e o tema escolhido. (Quem sou eu nessa babel)  
  
  Ao produzir esta peça de cerâmica,  imaginei primeiramente como uma inspiração para mim mesma em determinados estágios de minha vida e de minha futura carreira como artista e ceramista.  Assimilei a escolha do deus grego mais poderoso, Zeus, como sendo características que busco para minha competência como futura profissional da área e também para minha personalidade.
  Tais características do personagem mitológico seriam: a força, a determinação, a perfeição e a sabedoria.
  Ao batizar a obra de “As limitações de Zeus” assimilei o nome do deus grego com o pronome da primeira pessoa do singular. Neste caso, o significado de “Zeus” na obra seria o meu eu pessoal. É nitidamente perceptível que a composição da escultura representada, não incorpora o resto dos membros corporais, como o braço direito e as pernas, como se fosse uma escultura em ruína do período pré-helenístico. Porém, o significado da obra em si não está relacionado por ser uma escultura de tal período, ou seja, as faltas das partes corporais não representadas significam impotência e limitações relacionadas ao “meu eu”, o meu ser como artista.  Apesar da falta dos membros corporais na estátua, Zeus, não perde sua Majestade importada em sua expressão e músculos, semelhante ás minhas falhas como aprendiz de ceramista e também aos meus acertos técnicos. “As limitações de Zeus” incorporam então “As limitações do meu Eu”
   
   3 – Questões técnicas
  Ao elaborar a escultura, não utilizei ferramentas específicas para modelar a argila. O processo se deu apenas a sovar a massa cerâmica e modelar com as mãos e produzir o acabamento também com o uso contínuo do tato. Apenas o rosto e o cabelo da escultura, fiz uso de um simples palito para finalizar o acabamento.  Não existe técnica específica para produzir uma escultura representando o corpo humano, apenas um olhar claro de anatomias corporais. 


   

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Para começo de conversa...

   Nada melhor do que iniciar a primeira postagem de um blog, designado a divulgar e compartilhar trabalhos artísticos de minha autoria, destacando primordialmente a história da arte, expondo desenhos, pinturas, esculturas e utilitários cerâmicos, de "grandes artistas" que compõem toda essa rica história cultural e comunicativa de nossa espécie .
  Se consultarmos um dicionário ou a internet, o conceito de arte estará distinguida como: atividade humana ligada a manifestações de ordem estética ou comunicativa, realizada a partir da percepção, das emoções e das ideias, com o objetivo de estimular essas instâncias da consciência e dando um significado único e diferente para cada obra.
   
  A arte é um conceito amplo, e mesmo que este seja individual, o sentido da arte vai muito além do que uma simples inspiração momentânea que impulsiona o autor a criar. A arte iniciou-se então como uma necessidade de se comunicar.

  Para chegar a determinado ponto almejado e entender essa necessidade de comunicação, viajemos um pouco no tempo. Para a chamada idade da pedra. Quando há milhares de anos os povos antigos já se manifestavam artisticamente. Embora ainda não conhecessem a escrita, eles eram capazes de produzir obras de arte. A arte rupestre é composta por representações gráficas (desenhos, símbolos, sinais) feitas em paredes de cavernas pelos homens da Pré-História.

  









  O homem pré-histórico era capaz de se expressar artisticamente através dos desenhos que fazia nas paredes de suas cavernas. Suas pinturas mostravam os animais e pessoas do período em que vivia, além de cenas de seu cotidiano (caça, rituais, danças, alimentação, etc.). Expressava-se também através de suas esculturas em madeira, osso e pedra. O estudo desta forma de expressão contribui com os conhecimentos que os cientistas têm a respeito do dia a dia dos povos antigos.

Para fazerem as pinturas nas paredes de cavernas, os homens da Pré-História usavam sangue de animais, saliva, fragmentos de rochas, argila, etc. 

A necessidade da comunicação na sociedade vem desde a era das cavernas, quando o homem usava as pinturas e as simples formas geométricas como uma maneira de expressão. O tempo foi passando e dos rabiscos nas paredes veio a criação dos fonemas, das palavras e da escrita. Para o homem, a passagem de conhecimento foi e continua sendo essencial para a vida na terra, sem isso não haveria avanço na tecnologia e nem desenvolvimento do próprio ser humano.


Enfim, podemos entender a arte como uma forma de o ser humano expressar suas emoções, sua história e sua cultura através de alguns valores estéticos, como beleza, harmonia, equilíbrio. O que nos distingue dos outros mamíferos são os refinamentos de nossa comunicação, não somente da escrita ou da fala, mas além disso da pintura, da musica, da escultura e de diversos atos artísticos. Pois, a arte é a essência de nossa alma.